Enquanto Marylin Monroe usava só três gotas de perfume antes de dormir, nós aqui no Brasil borrifamos a fragrância por todo o corpo, no cabelo e até nas roupas. É verdade, a gente adora um cheiro, seja para uma ocasião especial, para ir à praia ou até na academia! Não à toa, somos segundo maior mercado consumidor de perfumes do mundo – pelos dados da Euromonitor.
Segundo o Caderno de Tendências 2019-2020 do Sebrae, cerca de 90% dos perfumes vendidos no país são nacionais (viva!); e a categoria de perfumaria já é a maior em consumo no mercado brasileiro, levando em conta o mercado de higiene pessoal e cosméticos.
Outra curiosidade sobre o consumo de perfumes no Brasil: Qual a região que mais consome perfumes? Se você apostou no Sudeste, mais especificamente no eixo Rio-São Paulo, enganou-se. De acordo com os dados do Kantar Worldpanel, 80% da população do Nordeste usa perfumes. Já no Sul, esse percentual cai para 45%.
As famílias olfativas Oriental (aquelas que têm uma faceta gourmand, como a baunilha e a fava tonka) e Floral (que trazem frescor e suculência) são as nossas preferidas. E, apesar de no resto do mundo as florais serem as best-sellers, por aqui, os orientais já passaram à frente. Sabe qual é o tipo de fragrância que os Millenials e a Geração Z (que foram criados na era digital) mais gostam? São as genderless – ou sem identidade de gênero.
Consumo de perfumes no Brasil: o que os especialistas falam
A relação do brasileiro com o perfume é tanta, que decidimos escolher três especialistas top em perfumaria no Brasil para nos contar as curiosidades que eles acham mais incríveis neste universo. Confira abaixo!
A curiosidade mais incrível sobre a perfumaria no Brasil, para mim, é a paixão que os brasileiros e brasileiras têm por perfumes. Uma paixão que começa na infância. Somos um povo que perfuma seus bebês, sinalizando que estão limpinhos, pelo cheirinho bom que passam. Esse hábito é continuado de geração em geração, com crianças que crescem e se tornam adultos que vêm, na perfumação, um ato de higiene ligado ao prazer.
Amamos ser elogiados por nossos perfumes! Por isso, a média de frascos de perfumes por pessoa é grande. Entendemos que cada perfume atende a uma ocasião ou momento diferente do nosso dia, o que faz do Brasil um dos países mais consumidores de perfumes do mundo. Dos frescores à alta perfumaria, o que explica a busca por lançamentos e o desejo de conhecer e ter novidades.
Uma grande parte do povo brasileiro também usa perfumes para dormir e muitos têm perfumes especialmente para essa ocasião. Pra nós, o perfume segue nos acompanhando do momento em que acordamos até irmos pra cama, seja como complemento emocional do banho, prolongando o frescor, o bem-estar, seja como protagonista da elegância, mistério, sedução, sofisticação. O perfume é uma paixão nacional. Pra muitos, um complemento. Pra mim, a minha essência.
O mais intrigante entre a relação do brasileiro com o perfume é como a cultura se impõe sobre qualquer teoria mais lógica que a gente tente traçar – de que no calor devemos usar perfumes frescos, por exemplo.
O curioso é como no Nordeste do Brasil o gosto é por perfumes intensos e opulentos. E está tudo certo! É só a forma como as pessoas se sentem bem. O mesmo vale para a lavanda, que no mundo é direcionada para os homens, enquanto por aqui ficou mais ligada às mulheres. A cultura nem sempre coincide com o que a gente espera, e ela sempre ganha.
A relação do brasileiro com perfumes é um caso de amor antigo e está intimamente ligada à mensagem que queremos passar. É isso mesmo, somos um povo que temos o perfume para a festa, o perfume para ir trabalhar, o da academia e por aí vai. Em algumas regiões do Brasil, ao invés de dizer: olá, ou me dá um beijo; se diz: me dá um cheiro. A nossa casa, a nossa roupa, o nosso dia tem que ser cheiroso.
Essa relação com os perfumes, com a limpeza e com o prazer que temos é tão profunda que em muitos lares brasileiros encontramos o sabonete para a família usar, aquele do dia-a-dia, e um exclusivo para datas especiais. Esse segundo é guardado no armário de roupas, bem longe do chuveiro, e só a matriarca da família é quem pode pega-los para uso nesses dias, pois faz parte do ritual de perfumação exclusivo.
Imaginem só o sorriso no rosto quando esse sabonete toca o corpo, a água caindo e a explosão perfumada toma conta do banheiro. Moro em um país tropical, abençoado por Deus e perfumado pela natureza.
Cheiro de história
Ao contrário da Europa, onde os perfumes começaram a ser usados para mascarar odores desagradáveis, aqui no Brasil, o banho era um hábito dos índios. Na carta do escrivão Pero de Vaz Caminhas, com suas impressões sobre a chegada por aqui, escrita em 1º de maio de 1500, ele relata que as águas eram muitas, infindas; e que os índios andavam “muito bem curados e muito limpos”.
Os indígenas usavam folhas, ervas, flores e resinas no corpo para curar doenças, o famoso “banho de cheiro”; e em rituais religiosos. Os banhos com águas perfumadas já eram vistos como uma forma de limpar, cuidar e purificar o corpo de energias negativas.
As colônias trazem muito desse costume, elas prolongam o frescor do pós-banho e trazem uma deliciosa sensação de bem-estar. São sempre vistas como algo para usar em abundância, sem medo de ser feliz.
As fragrâncias da Phebo
Com fragrâncias marcantes e únicas desde 1930, a Phebo é uma das perfumarias mais tradicionais do Brasil. Atualmente, são cerca de 14 perfumes e 10 colônias, criados em parceria com as maiores casas de fragrância do mundo.
Do mais aromático ao mais amadeirado, as fragrâncias são criteriosamente escolhidas para serem “fora da caixinha”. Por aqui, a ideia é que cada um se identifique com as fragrâncias que mais combinam com sua personalidade – além de serem todas compartilháveis!
Perfumaria é um assunto sério para nós! Todas as nossas fragrâncias passam por um processo de filtragem – para que fique o mais puro possível – e pela maceração, que, assim como vinho, é o descanso da mistura do álcool (extra neutro) com a essência, deixando a criação mais madura e harmônica.